Bastardos Inglórios (Inglourious Basterds) 2009



A Guerra Como Nunca se Viu
O maior diretor da última geração subverte a história para criar um dos seus melhores filmes
Davi Boaventura
Tarantino passou quase uma década falando do seu “filme da Segunda Guerra”. Virou lenda. Ninguém acreditava mais nele. Pois eis que num rompante, inesperado até para o seu próprio produtor, ele decide que era hora de lançar a cria no mundo. O roteiro foi finalizado em semanas, a gravação foi rápida, a edição, relâmpago, e em menos de doze meses, “Bastardos Inglórios” (2009) estava pronto para exibição. Qual a moral desta história toda? Só mesmo um gênio para ser capaz de enfrentar uma pendenga dessas e ainda por cima sair com o longa mais divertido do ano.
De fato, o resultado não poderia ser mais gratificante. Apesar do tom mais clássico, afinal estamos falando de uma trama ambientada em plena explosão dos avanços de Hitler pela Europa, “Bastardos Inglórios” é um Tarantino autêntico: histérico, corrosivo, com diálogos brilhantes e um senso de humor perverso. Mistura centenas de referências, como o título retirado de uma fita italiana da década de 70, com o jogo de cena típico do diretor, entregando no fim uma obra-prima única e surpreendente.
Vá lá que não chega a igualar a perfeição de Pulp Fiction – Tempos de Violência, nem tampouco é tão icônico quanto Kill Bill, mas supera fácil, fácil todos os outros projetos do cineasta em termos de espetáculo, pujança e simpatia, muito em função do enredo muito bem resolvido e de ter nos seus quadros Brad Pitt, que sempre dá um charme extra para qualquer filme, e o melhor personagem de 2009, o coronel Hans Landa (Christoph Waltz), um verdadeiro presente para o cinema moderno.
Não é à toa, diante de tantos atributos, que o longa tornou-se a maior bilheteria da carreira de Tarantino, tendo também a melhor reação a seu trabalho junto aos críticos. Foram 120 milhões somente nas bilheterias norte-americanas e oito indicações ao Oscar, levando o de Ator Coadjuvante (Waltz, que levou ao todo 29 prêmios pelo papel, incluindo a Palma de Ouro de Cannes), perdendo porém na categoria onde era franco favorito, Roteiro Original, outra daquelas injustiças inexplicáveis da Academia.
Agora, com a poeira finalmente baixando, já se começa a falar de uma continuação para a obra, supostamente um prelúdio. Material para isso tem de sobra. Segundo o diretor, durante os incontáveis anos burilando o texto, ele escreveu conteúdo suficiente para cobrir mais de doze horas de filmagem, com diferentes ângulos e abordagens e uma infinidade de personagens.
É, mas se os novos capítulos forem confirmados, Deus queira que não leve tanto tempo assim.

Mais informações sobre o programa em: http://www.guiadecanais.com.br/Programa.aspx?id=14170&t=f

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