Escola da Vida
Série do Universal Channel retrata de forma sincera a conturbada vida dos calouros na força policial canadense
Davi Boaventura
Alguns anos atrás, Loucademia de Polícia reprisava tanto na Sessão da Tarde que a coisa mais comum era encontrar um menino prometendo ser policial quando crescesse. Bancar o herói, proteger os inocentes, enfrentar perseguições em alta velocidade e ainda beijar a mocinha no final, o plano de carreira do guri já estava traçado. Para felicidade de muitos pais, este é tipo de sonho que se desfaz rápido. Basta ver uma série como “Rookie Blue”, a nova atração do Universal Channel, para saber que a vida real é muito mais dura do que a arte quer nos fazer acreditar.
Confirmada para uma segunda temporada depois de apenas três episódios transmitidos, com média de sete milhões de espectadores, o que no atual momento da TV americana é um número para lá de expressivo, o programa é uma espécie de choque de realidade. Mostra, a partir de um enfoque afiado, bem carregado nos tons dramáticos, os vários erros e os poucos acertos de um grupo de calouros da polícia de Toronto, a maior cidade do Canadá, provando que não é só no Brasil que a corda arrebenta do lado mais fraco.
São cinco figuras centrais, cada uma representando um arquetípico cuja construção pode mais tarde trazer problemas à equipe. Andy (Missy Peregrym) é a idealista, Traci (Enuka Okuma) é a leal, Dov (Gregory Smith) é o narcisista, Chris (Travis Milne), o aventureiro, e Gail (Charlotte Sullivan), a ambiciosa. Completando o time, Luke Callaghan (Eric Johnson), um detetive workaholic, e Sam Swarek (Ben Bass), um oficial que, a contragosto, vê suas investigações secretas servirem de molas propulsoras dos primeiros capítulos.
Na lista de tarefas do grupo, assassinatos, roubos, brigas de família, tráfico de drogas, operações sob disfarce e muitos conflitos internos, expondo gradativamente as fragilidades e impulsos descontrolados do quinteto principal. Este parece ser o ponto alto do enredo na medida em que dá liberdade aos intérpretes para ousar um pouco mais em seus personagens. A expectativa é de que a série siga neste sentido, sem exageros e com os pés no chão, consciente em trabalhar o potencial que esta primeira temporada deixa transparecer.
Habitat Maquiado
Usar as paisagens canadenses como cenário substituto para cidades como Chicago e Nova Iorque é prática comum em Hollywood, devido aos atrativos impostos da terra do hóquei e do curling. Difícil mesmo é, como em “Rookie Blue”, encontrar o Canadá representando de fato o Canadá. Recentemente, três séries enfim abraçaram suas raízes geladas: Flashpoint, Degrassi e Being Erica.
Mais informações sobre o programa em: http://www.guiadecanais.com.br/Programa.aspx?id=20917&t=s
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